sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Hipertrofias e atrofias (II) Integrar a afectividade no desenvolvimento harmónico da pessoa (I)

INTEGRAR A AFECTIVIDADE O panorama cultural que apresentámos, no qual se verifica uma hipertrofia da afectividade, não deve levar a uma visão negativa da afectividade humana. É necessário desenvolver uma visão realista, equilibrada, que revalorize a esfera afectiva e a integre no desenvolvimento harmónico da pessoa. A dimensão da afectividade possui a mesma dignidade humana que a inteligência e a vontade. Os dinamismos afectivos humanos, mesmo estando muito ligados ao âmbito do sensível e sendo, portanto, inferiores à espiritualidade, são plenamente pessoais e radicam no mesmo princípio: a alma espiritual. Desta perspectiva surge uma visão positiva e realista da personalidade humana: a pessoa não é só afectividade - impulsos, afectos, emoções -; nem é só inteligência e vontade: “cabeça” e “punhos”. Há toda uma série de dinamismos intimamente interligados, todos eles importantes, que manifestam a riqueza da pessoa. Conhecer esta realidade é uma condição necessária para atingir o equilíbrio interior característico da maturidade pessoal. A afectividade é uma dimensão que, subordinada à vontade e à inteligência e modulada por elas, constitui uma força poderosa e criativa para realizar o bem próprio do homem, para servir ao bem dos outros e que capacita para amar.Tanto a atitude de desvalorizar a afectividade, como a de a hipervalorizar, conduz a uma atrofia da pessoa humana, a uma desumanização. É tão empobrecedor e desumano o emotivismo em todas as suas variantes - sentimentalismo, hedonismo, etc.- como o voluntarismo estóico ou a frieza afectiva.

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