domingo, 4 de julho de 2010

Uma sociedade à medida da família?
Recordo com frequência um professor que tive, Rafael Alvira. Referia-se à família como âmbito de personalização e de socialização. Ao ser a família o berço da vida na qual o homem nasce e cresce, considerava-a, não só como a primeira e principal escola educativa, mas o modelo e paradigma de todo o tipo de sociedade. Defendia que um dos elementos mais importantes da família é o amor, na sua dupla relação: amar e ser amado; é difícil amar se não se tem a experiência de ser amado. E só na família a pessoa é querida pelo que é, de modo incondicional. Como consequência, a família é o campo de cultivo da confiança e da liberdade responsável.Pretendia uma sociedade à medida da família, como a melhor garantia contra o individualismo ou o colectivismo, porque nela a pessoa está sempre no centro da atenção: nunca é vista ou tratada como um meio. Afirmava, convicto, que qualquer outra sociedade pode encontrar nela o seu modelo. Como só a família personaliza, o espírito familiar deveria estar de algum modo presente nas outras sociedades, para que também estas fossem capazes de o fazer. Para voltar a personalizar a sociedade, a solução deveria passar pela família como estrutura de personalização. Foi uma perspectiva inovadora, sobre a qual tenho reflectido com frequência.Na nossa época, os sucessos da ciência e da técnica permitem alcançar, num grau até agora desconhecido, um bem-estar material que, favorece uns, mas conduz outros à marginalização. A sociedade actual, inspirada na mentalidade de consumo e organizada sobre critérios de eficiência e de produtividade, cada vez mais individualista, torna especialmente necessária uma nova sensibilidade pelo homem em todas as circunstâncias. Face a uma sociedade que corre o perigo de ser cada vez mais despersonalizada e tantas vezes desumana, na família reside a capacidade de tirar a pessoa do anonimato, de a manter consciente da sua dignidade e dessa forma a inserir eficazmente no tecido social.
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sábado, 3 de julho de 2010

DESAFIO EDUCATIVO

O DESAFIO EDUCATIVO NO SÉCULO XXI No mundo em que vivemos, os focos de tensão social geradores de instabilidade e de agressividade - a injustiça, o desprezo do homem e da sua dignidade, o egoísmo, o medo, os actos de violência, os conflitos - multiplicam-se; é na educação - em primeiro lugar na família e depois na escola - que se preparam as futuras gerações para os problemas da convivência humana, que se desperta a consciência da dignidade da pessoa, se convida ao diálogo, à compreensão recíproca, a uma nova solidariedade mundial que permita enfrentar e resolver os enormes e dramáticos problemas da justiça no mundo, da liberdade dos povos, da paz da humanidade. A educação é forja de humanismo e de cidadania: uma cidadania entendida no seu sentido mais abrangente, como âmbito de transmissão de valores e de atitudes, unidos ao exercício da liberdade e da responsabilidade. Ao realizar a sua missão educativa, escola, família e comunidade estão a contribuir decididamente para informar a vida das futuras gerações, para ajudar a viver como pessoas, e pessoas integradas na comunidade social.