terça-feira, 21 de abril de 2009
Educação e Inovação num mundo pós-crise
Conferência Ibero-Americana de Educação
Cerca de 20 países participaram ontem, em Lisboa, na XIX Conferência Ibero-Americana de Educação, dedicada à Inovação, inaugurada pela ministra portuguesa da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.
A conferência preparou uma cimeira a realizar no final do ano, onde serão vinculadas decisões sobre metas a alcançar até 2021, desde o ensino pré-escolar à formação de adultos. "Há um conjunto de metas, desde a cobertura da educação na infância, ao envolvimento de adultos em formação ao longo da vida, até à percentagem de jovens que concluem o Ensino Secundário que vamos procurar discutir e estabilizar para o conjunto dos países ibero-americanos", disse a ministra.
As metas passam pelo aumento da oferta da Educação Pré-Escolar dos três aos cinco anos: "Vai ser necessário que entre nós seja definido um indicador que nos dê uma meta para a percentagem de crianças que os países procurarão alcançar neste período de tempo", exemplificou. Há também objectivos para o número de jovens que concluem o Ensino Secundário, para o conjunto que acede à Formação Profissional e ao Ensino Superior, bem como metas para envolver adultos na aprendizagem ao longo da vida.
No congresso sob o lema "Educação e Inovação", reuniram-se responsáveis de Andorra, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, República Dominicana, Uruguai, Venezuela e Porto Rico, este com estatuto de observador.
Por Portugal, além da ministra, falaram aos participantes o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, e o director do Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação e coordenador do Plano Tecnológico nesta área, João Trocado da Mata. O ex-ministro da Educação Roberto Carneiro apresentou uma comunicação dedicada ao tema "Educação e Inovação num mundo pós-crise", em que sugeriu aos países ibero-americanos o lançamento de um programa alternativo de avaliação do estado das políticas educativas em três vertentes: inclusão, cidadania e parcerias.
Inspirado no PISA, um programa internacional para avaliação do desempenho dos estudantes, o professor Roberto Carneiro considerou que um instrumento semelhante orientado para a avaliação da maturidade dos sistemas educativos em matéria de desenvolvimento de valores da inclusão, de cidadania e de parcerias "poderia constituir-se num serviço de inestimável e superlativo valor à comunidade internacional de educadores". Analisou as causas da actual crise mundial, e sustentou que "aprender fazendo e fazer aprendendo encerra uma importante chave de solução para enfrentar a crescente incerteza do mundo e a natureza mutante do trabalho"; afirmou ainda que nunca nas últimas décadas o sentimento de crise e de preocupação "atingiu proporções planetárias tão elevadas". Segundo o ex-ministro, as causas da crise encontram-se associadas ao abandono de padrões éticos na condução dos negócios, ao colapso generalizado dos códigos de conduta e a uma recusa da "mão invisível dos valores como único regulador definitivo e sustentável dos mercados".
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