domingo, 8 de novembro de 2009

Haveria que criar algum mecanismo para favorecer a inserção de homens na profissão docente, cada vez mais feminizada? Em França, há já quem proponha concursos de acesso separados para professores e professoras! Nos países da OCDE, o ensino básico e secundário está cada vez mais nas mãos das mulheres. A esmagadora maioria dos docentes do ensino pré-escolar são professoras, atingindo uma percentagem de 96,8%; esta percentagem continua a ser desproporcionadamente alta no ensino básico (79,5%) e no ensino secundário obrigatório (65,9%) e só tende a equilibrar-se no ensino secundário superior (52,5%). Estes dados, recolhidos em escolas públicas e privadas, correspondem ao ano de 2006. Poucos países escapam a esta tendência geral. Se considerarmos o ensino secundário superior, as mulheres estão em minoria em países como o Japão (25,7%), a Coreia (39,9%), o México (43,1%) e a Holanda (45,6%). O problema não é que sobrem professoras, mas que faltem homens dispostos a exercer a docência. Em França, chamou a atenção para o assunto o ex-inspector geral de educação Jean Ferrier, numa entrevista concedida ao Le Monde (14-10-2009). No ensino francês, diz Ferrier, as mulheres representam hoje 81% do professorado do ensino básico, 63,9% do da primeira fase do ensino secundário e 53,5% do ensino secundário superior. Ferrier explica que a imposição da co-educação na escola pública contribuiu para o desequilíbrio actual nesta profissão. Em princípios dos anos 60, as mulheres eram 68%do professorado do ensino básico. Em 1975 tornou-se obrigatória a co-educação no ensino básico e secundário; em consequência, em 1977 deixaram de se fazer concursos separados para professores e professoras. As mulheres representavam então 74% do corpo docente. Esta feminização do ensino básico acentuou-se nos anos seguintes, estimulada pela inscrição de mais professores do que professoras nos centros de formação educativa que lhes abriam as portas a ser professores do ensino secundário. É um problema esta feminização do ensino? Ferrier assim o admite, nesta época em que num grande número de famílias falta um pai em casa. "Para as crianças, que serão mais tarde adolescentes, poderem construir a sua personalidade é indispensável que tenham exemplos masculinos. E é tanto mais importante que aconteça assim na escola quanto há que ter em conta que o número de casais que se divorciam se converteu num fenómeno massivo".

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