segunda-feira, 2 de março de 2009
Acordo Ortográfico e manuais escolares
O grupo editorial Leya estima que a adaptação de cada manual escolar ao novo Acordo Ortográfico poderá custar entre quatro e cinco mil euros, pelo que admite o aumento dos preços de venda às famílias. "Todo este processo de mudança da ortografia, revisão exaustiva do texto e substituição total das chapas de impressão tem custos muito elevados. Dependendo de cada manual, este valor rondará os quatro a cinco mil euros", afirmou à Lusa a coordenadora de edições escolares do grupo, que detém entre 30 a 40 por cento da quota de mercado dos manuais. Segundo Carmo Correia, a Leya conta actualmente com 320 projectos escolares - designação para um manual, um caderno de actividades e um CD, por exemplo - pelo que deverão ser gastos cerca de 1,4 milhões de euros na adaptação dos manuais ao Acordo Ortográfico. "É admissível considerarmos que este custo possa ser tido em linha de conta numa futura convenção de preços. Este factor não pode ser ignorado por nenhuma das partes", acrescentou. O preço dos manuais é regulado por uma convenção entre o Ministério da Educação (ME) e as associações de editores de livros escolares. A actual convenção é válida até ao final do próximo ano lectivo (2009/2010). "Em 2010/2011 haverá com certeza espaço para introduzir algum factor de actualização. Admitimos que os preços venham a aumentar", acrescentou. De acordo com a responsável, a Leya pediu em Novembro do ano passado informações ao ME sobre o calendário de implementação da nova ortografia no ensino, mas não obteve até à data qualquer "informação precisa". "Informámos na altura de que a implementação do acordo nos manuais tem de ser calendarizada atempadamente porque as reimpressões dos livros tendo em vista determinado ano lectivo são feitas a partir de Outubro do ano anterior", explicou Carmo Correia, acrescentando que só assim "é possível abastecer o mercado atempadamente". Na melhor das hipóteses, estimou, os primeiros manuais adaptados ao Acordo Ortográfico só poderiam estar no mercado em Setembro de 2010. "Por mais ferramentas e automatismos que se utilizem para fazer a conversão é absolutamente necessário um processo de revisão exaustivo de todo o texto para despistar falhas e erros", justificou. A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) disse à Lusa que questiona "desde há dois anos" o ME sobre os planos para integração do acordo no ensino, mas também não obteve reposta. "Os editores escolares da APEL aguardam instruções por parte do ME no que diz respeito à implementação do Acordo Ortográfico nas escolas. O pedido de informação foi feito há quase dois anos, mas acreditamos que o ME tem plena consciência das fortes implicações que este processo terá e da importância de que se reveste para a educação dos alunos", acrescentou fonte da comissão do livro escolar da APEL. A coordenadora de edições escolares do Grupo Leya sublinha ainda que alguns projectos escolares podem ter uma rentabilidade mais apertada, por se destinarem a um universo de alunos pequeno ou terem um preço mais baixo, pelo que o custo adicional da conversão "pode ser difícil de encaixar na relação custo/proveito do projecto". Questionada se poderá estar em causa a produção de alguns manuais, a responsável negou. "Quer dizer que nas estimativas feitas pelo editor isto é um imprevisto e não fazia parte das contas iniciais quando foi decidido avançar com o projecto. Se se entendeu do ponto de vista político e científico que se deve evoluir para o novo acordo, vamos acompanhar essa evolução", garantiu. O ministério da Educação ainda não se pronunciou, até ao momento, sobre esta matéria.
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