quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Decadência da escola pública europeia?

Em declarações ao semanário Alba, Inger Enkvist, assessora do ministério de Educação da Suécia, criticou que os países europeus copiem um modelo psicopedagógico que já demonstrou o seu fracasso. A ausência do esforço, o déficit de autoridade e a precariedade dos conteúdos sairá muito caro, acrescenta. Enkvist leva décadas a estudar o processo de decadência da escola pública europeia e considera que a deterioração da educação é causada pelo excesso do "construtivismo", "processo assumido pela maioria dos modelos educativos europeus. Apoia-se em que só é verdade aquilo que construímos por nós mesmos, destruindo desta maneira a tradição e o conhecimento acumulado por gerações anteriores. O construtivismo ensina que a criança deve conhecer a verdade por si mesma". Para esta especialista, é sempre necessário "que o professor conduza ao aluno para a verdade. Os construtivistas preocupam-se muito com o procedimento do ensino, mas muito pouco com os conteúdos". Segundo Enkvist, "uma educação em que não se aprecia o esforço mas sim só que as crianças estejam contentes e se dediquem a jogar, a trabalhar em equipe e a dizer o que lhes parece, demonstrou já o seu fracasso". "Esse construtivismo gera adolescentes adultos que querem tudo para já. Uma espécie de geração de 68 permanente. Mas claro, na vida quase nada é imediato, a maioria dos frutos produzem-se depois de um tempo de esforço e isso inabilita de alguma forma para a vida porque se confunde o desejo com a realidade. Eles acabam por acreditar que se quiserem que algo seja de determinada forma, a realidade moldar-se-á aos seus desejos". Para a especialista, "o problema não é de recursos, mas sim do mesmo sistema. E possivelmente o sistema funcionaria melhor com menores recursos. Em países da Ásia, que trabalham com livros mal editados e 50 crianças em sala de aula estão a obter alguns resultados magníficos". Neste sentido, também repara no modelo britânico porque "decidiram dar uma reviravolta e passar do construtivismo aos conteúdos. E a reforma de Thatcher foi continuada e inclusive melhorada por Blair". Adverte que uma sociedade que não se interessa pelo conhecimento e não aceita o esforço acaba por fracassar.

Um comentário:

F. Celeti disse...

Publicada primeira obra de Inger Enkvist em português, "Repensar a educação". Confira em: http://www.bunkereditorial.com.br/livraria/repensar-a-educacao-inger-enkvist-digital.html