quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A maturidade pessoal como objectivo educativo?

A MATURIDADE PESSOAL COMO OBJECTIVO EDUCATIVO?
Considerávamos, há tempos, que a maturidade não se identifica com uma idade determinada, nem se alcança só com o passar dos anos. Considerada em profundidade, a maturidade é consequência do desenvolvimento pleno e harmonioso de todas as capacidades da pessoa. Uma pessoa madura, interiormente equilibrada, conjuga a capacidade de adaptação com a fortaleza necessária – sabe ceder e transigir em coisas ou situações em si mesmas intranscendentes -; conjuga a liberdade e a responsabilidade pessoal; possui um juízo ponderado e sereno. A pessoa madura considera-se a si própria com realismo, admite as próprias limitações, distingue o que é uma pura possibilidade daquilo que já é uma conquista efectiva. Ao mesmo tempo, julga os acontecimentos com maior profundidade e objectividade: sabe o que quer e o que pode. Daqui nasce um equilíbrio espiritual e emocional – a maturidade afectiva -, que canaliza as inclinações naturais e as põe ao serviço da vontade.
Está assim, em condições de querer e actuar com critério, livre e responsavelmente, aceitando as consequências dos actos. Numa personalidade madura, bem formada, dá-se uma unidade e integração das múltiplas experiências da vida. A maturidade coloca a pessoa num estado de objectividade sã, alheia ao sentimentalismo que, frequentemente, leva a confundir a felicidade verdadeira com o bem estar. Uma das mais importantes finalidades educativas é a de ajudar a conseguir uma equilibrada maturidade pessoal, como vimos já anteriormente, nunca é tarde para aprender e melhorar a própria personalidade. POSSUIR CONVICÇÕES PARA SER CAPAZ DE TRAÇAR A PRÓPRIA ROTA
Como refere Llano, o perfil da maturidade caracteriza-se pela harmonia entre o pensar, o querer, o sentir e o agir; a firmeza interior e a estabilidade; a segurança e serenidade no viver; a capacidade de avaliação objectiva da realidade; a paciência, a ponderação, o equilíbrio e a prudência; a capacidade de definir valores e de se comprometer com eles; a tomada de consciência das próprias limitações, do carácter reduzido das próprias energias e da índole transitória da vida humana; a compreensão do esforço que exige iniciar uma obra, dar-lhe continuidade e terminá-la cabalmente; o sentido de responsabilidade e de cumprimento do dever; a capacidade de dominar os próprios impulsos e de os orientar; a abertura aos outros, a solidariedade, a capacidade de serviço (Llano, 2003). Educar pessoas com capacidade de assimilar as próprias experiências é o princípio do caminho que conduz a uma personalidade amadurecida. Como dizia Unamuno, no seu Diário Íntimo, para adquirir maturidade: "é preciso viver recolhendo o passado, guardando a sequência do tempo, vivendo o presente, ilustrado com a riqueza do passado, como um verdadeiro progresso e não como um mero processo. (...) Não podemos mover-nos como a terra na sua órbita, que perde a posição passada para entrar numa nova sem deixar um sedimento de sabedoria". Outra característica desta educação de uma personalidade amadurecida é a capacidade de autodomínio - alcançada à base de disciplina e de esforço, fruto da educação da vontade - que, por sua vez, capacita para viver de convicções, superando impulsos, sem se deixar arrastar pelos acontecimentos, como folhas levadas pelo vento. São as convicções que conferem à personalidade madura uma das suas características essenciais: a estabilidade no comportamento, a equanimidade ou igualdade de ânimo, superando os estados de ânimo e os impulsos passageiros. É necessário ter convicções vitais – fruto da educação da inteligência - pelas quais se seja capaz de traçar a rota da própria vida e de a seguir. PROMOVER O “IMPÉRIO DO EFÉMERO” OU ANCORAR A PESSOA EM CRITÉRIOS E VALORES?
Educar é ainda promover a formação, não só de valores, mas de bons hábitos ou atitudes operativas, em diversos níveis. Estes serão efectivos unicamente se a família e a escola se unirem para educar desde a infância nos valores e nas atitudes essenciais. São estes os primeiros âmbitos onde se aprende a necessidade de obedecer a regras, o cumprimento dos próprios deveres, a importância da veracidade, rejeitando a hipocrisia, o respeito pelo próximo necessitado de ajuda, a afabilidade, a gratidão pelos bens recebidos, o sentido da verdadeira justiça, a solicitude sincera e o serviço desinteressado. Como alerta Llano, é necessário ancorar a pessoa em critérios e valores, que as tornem capazes de assumir compromissos. TRAÇOS DE UM PERFIL DA IMATURIDADE Debruçar-nos sobre algumas das características da imaturidade própria da adolescência, pode ajudar a captar melhor em que consiste a maturidade. Esboçando um perfil da imaturidade, poderíamos dizer, seguindo de perto o escritor R. Llano, que esta se revela nos seguintes factores: auto-afirmação individualista; contraste entre a exuberância vital e a diminuta experiência; preponderância dos impulsos sobre as ideias e as convicções; instabilidade emocional; falta de avaliação objectiva da realidade: desproporção entre o muito que se deseja e o pouco que se é capaz de realizar; ausência de equilíbrio para discernir quando se deve ousar e agir sozinho ou pedir conselho, valendo-se da experiência dosoutros; carência de ponderação para encontrar o justo meio entre dois extremos; incapacidade de definir valores e de se comprometer com eles; falta de paciência e de serenidade;
carência de solidariedade e de sentido de responsabilidade;
CARACTERÍSTICAS DE UM PERFIL DA MATURIDADE
Harmonia entre o pensar, o querer, o sentir e o agir; firmeza interior, estabilidade; segurança e serenidade no viver; capacidade de avaliação objectiva da realidade, paciência; ponderação e equilíbrio, prudência; capacidade de definir valores e de se comprometer com eles; tomada de consciência das próprias limitações, do carácter reduzido das próprias energias, da índole transitória da vida humana; compreensão do esforço que exige iniciar uma obra e dar-lhe continuidade; sentido de responsabilidade e cumprimento do dever; capacidade de dominar os impulsos para os converter em virtudes; conhecimento objectivo e profundo das outras pessoas, das suas verdadeiras qualidades e também das suas carências ou defeitos;
abertura aos outros e solidariedade; decisão de transformar a vida num serviço às outras pessoas

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