terça-feira, 1 de junho de 2010
Família, Escola e sucesso escolar
Sucesso dos alunos depende muito da relação da escola com os Pais: foi a conclusão de um projecto realizado há alguns anos em Portugal (concluído no ano 2000) e noticiado na altura no Jornal Público. A grande maioria dos professores que participaram, confirmaram que o envolvimento das famílias melhorou o desempenho escolar.
Escola, família, comunidade são três parceiros que, se trabalharem em conjunto, podem contribuir para o sucesso dos alunos. A ideia foi promovida pelo Departamento de Avaliação, Prospectiva e Planeamento (DAPP) do Ministério da Educação, durante dois anos lectivos. O relatório que faz o balanço de uma experiência levada a cabo em 19 estabelecimentos de ensino concluiu que quando os pais participam mais nas atividades da escola e esta, por sua vez, se articula com outros parceiros da comunidade onde está inserida, os estudantes conseguem melhores resultados, não só escolares como a nível comportamental.
Uma equipa desafiou algumas escolas, bem como os pais dos alunos, a identificarem o seu principal problema. A partir daí elaborou-se uma estratégia onde todos teriam um papel. Professores e, nalguns casos, encarregados de educação receberam formação especial; organizações culturais e outras estruturas foram convidadas a manter uma ligação estreita com os estabelecimentos de ensino envolvidos - promovendo, por exemplo, visitas de estudo frequentes. Dois anos depois de o projeto ter começado, foi perguntado aos professores se este tinha proporcionado alterações "substanciais" no progresso escolar dos alunos - 84 por cento dos docentes respondem que sim. Opinião semelhante tem a quase totalidade (91 por cento) dos alunos inquiridos.
Entre os estudantes que contaram com a ajuda dos encarregados de educação (seja nos trabalhos para casa, idas à biblioteca, etc.) quase metade (45 por cento) tiveram melhor desempenho na escola; apenas dez por cento dos alunos que têm este tipo de atividades com a família diz ter se beneficiado pouco.
O estudo analisou ainda o desempenho em Matemática e Língua Portuguesa dos alunos do 4º ano, comparando-o com uma amostra nacional de 4392 estudantes.
Resultado: os alunos envolvidos no projeto Escola, Família, Comunidade têm resultados ligeiramente superiores aos da amostra. O estudo conclui que estes resultados são "evidentemente, influenciados pelo ambiente familiar" que o projeto proporcionou.
Mais: o ambiente familiar não tem relação directa com o nível socioeconómico da família, já que se verificou que mais de metade dos alunos são provenientes de lares de "nível bastante baixo". "É possível afirmar que os pais, independentemente do seu nível de instrução, são capazes de cooperar com a escola desde que devidamente acompanhados e estimulados, contribuindo para a melhoria da aprendizagem dos filhos", diz o relatório.
O que este projeto pretendia não era que os pais se envolvessem apenas no processo de ensino/aprendizagem, ajudando os filhos fora da escola, mas que interviessem na vida escolar. Assim, verificou-se que as famílias passaram a contactar mais os professores e vice-versa. Num dos estabelecimentos de ensino foi constituída uma "escola de pais", onde os temas abordados foram trabalhados não só por professores, como também por instituições comunitárias; noutro caso, o número de pais e avós que passaram a freqüentar o ensino recorrente aumentou; numa outra escola foram feitas visitas domiciliárias às casas dos estudantes, que "foram verdadeiras ações de educação social". Os pais foram ainda convidados a animar e participar em eventos que até então eram promovidos só pela escola.
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