sábado, 1 de março de 2008

Ócio, entretenimento e felicidade na sociedade multimédia

Excelentes aliadas no campo da informação e do conhecimento, as tecnologias são também, e cada vez mais, ocasião de ócio audiovisual, com grandes possibilidades. No anúncio de um próximo congresso sobre este tema, intitulado: "UNIV 2008 Ser, aparecer, comunicar: entretenimento e felicidade na sociedade multimédia" afirma-se: "uma história pode começar no cinema e continuar depois em um videogame. O espectador deixa de ser um receptor passivo e converte-se em protagonista. Desde o momento em que tem consigo os controles será ele quem decidirá o que vai ocorrer em cenários e aventuras cada vez mais espectaculares, onde a qualidade gráfica aspira a alcançar a do cinema. E na ciberesfera – o universo tecnológico que nos rodeia – as possibilidades multiplicam-se; e produz-se uma nova revolução, porque o entretenimento conquista inclusive os chamados tempos mortos, como aqueles que dedicamos ao transporte: no metro ou em qualquer transporte público. O número de aparelhos de mp3, iPod ou similares tende a aproximar-se ao do número de passageiros. Muitos dos aparelhos que há poucos anos disputavam o espaço no quarto de um adolescente, agora estão pululando no seu bolso. Além disso, para os que têm crescido no mundo do ócio tecnológico, a ciberesfera é também palco de novas possibilidades nas relações sociais: entrar na internet é entrar em redes de amigos, parentes, companheiros de classe ou outras pessoas do mundo real. A familiaridade com a tecnologia permite-lhes comunicarem com igual facilidade enviando um texto, curto ou longo, ou uma foto, ou vídeos realizados por eles mesmos, novas versões de músicas, listas de favoritos, obras multimédia... É indubitável: cresceu o espectro de possibilidades com um campo de ofertas que competem em atractivo e interesse. Temos mais para escolher; mas ainda fica o importante: acertar. A felicidade não pode ser algo que simplesmente "acontece", mas algo no que eu tome parte activamente, como ser livre. Sou eu quem criativamente descubro a norma que tenho de aplicar, sempre com o risco de cair num "carpe diem" sem grandeza, num parêntesis de simples evasão, distracção e fuga da realidade ordinária. O entretenimento não é uma efervescência de espontaneidade sem consequências: o como te divertes diz muito sobre quem és e quem chegarás a ser. Nas minhas decisões eu jogo a minha vida, porque os modos de empregar os tempos livres de diversão não são em absoluto sem transcendência: condicionam a educação, a formação integral, que não é senão o desenvolvimento harmónico e progressivo de todas as dimensões da pessoa. Consegue ser feliz aquele que, no meio de cada uma das circunstâncias da vida, consegue dar o melhor de si mesmo. Contemplar o cenário actual do entretenimento sob um olhar humanista ajuda a ter uma visão panorâmica, que evita tanto o alarmismo exagerado como a ingenuidade de desvalorizar a sua incidência: como o navegante que, em pleno oceano, quando se aproximam novas correntes, determina a posição do barco e traça a rota adequada pensando no porto seguro a que deseja chegar".

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